CANTAR COM OS MAIS NOVOS

6. O lugar dos jovens

Por Antonio José Ferreira

O processo de socialização dos adolescentes que gostam de estar sós e usar meios individuais de ouvir música como o walkman ou mp3, deve ser completado com a prática coletiva de concertos e instrumentos ou canto. A catequese pode ser um contributo importante nesse sentido, superando alguma tendência individualista.

Se a música e a expressão gestual têm um lugar insubstituível na vida humana e, de modo especial, na infância, o catequista deve pensar na gestualidade que poderá acompanhar o canto, mesmo que venha a pedir sugestões às crianças e jovens. Quando as celebrações são majoritariamente jovens, ou há um número razoável de crianças, a preparação da liturgia deve ter em conta essa circunstância para que a participação seja realmente ativa.

A questão do lugar dos jovens nas celebrações cristãs é importante. Há poucos adolescentes e jovens nas missas dominicais, e muitas vezes aborrecem-se, porque falta ritmo à liturgia. É preciso ter em conta a sua presença, as suas preferências repertoriais, com um desempenho ativo e não apenas consciente.

A geração dos 60-75 anos nasceu na época dos meios de comunicação frios (jornal, rádio); a juventude atual cresce com os meios de comunicação quentes (televisão, CD-rom, internet, imagens). A maior parte das liturgias cristãs funciona nos esquemas antigos de comunicação: muitas palavras, poucos movimentos, cânticos pouco dinâmicos, gestos estereotipados e pouca criatividade. As dificuldades dos jovens, que esperam convivialidade, melodias atraentes e ritmadas, participação afetiva e efetiva nas celebrações passam muito pelo caráter estático da liturgia.

O meio em que os jovens estão inseridos é a cultura do espectacular. Embora a liturgia não seja um espectáculo mas celebração da fé, há lugar para certos elementos que são também espectaculares: a questão da luz, os símbolos, o ritmo, o andamento, as rupturas e as alternâncias. Há lugar para a criatividade, a adaptação e a variedade, como é reconhecido pela "Introdução Geral do Missal Romano": procissões, silêncios estratégicos, aclamações, diálogos, iluminação, instrumentos, palmas, gestos, espontaneidade.

Se a cultura juvenil é contrastada, é preciso jogar melhor com os momentos de interiorização e exteriorização. Embora haja riscos, a emoção, a afectividade e a sensibilidade (não a sensualidade) têm lugar na celebração e na própria catequese. Os jovens apreciam os grupos de oração, o ambiente caloroso dos pequenos grupos, de preferência ao institucional e ao hierárquico. A celebração comunitária na igreja pode ser o cume de uma reflexão e de uma vivência em pequenos grupos cristãos.

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