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7. Ensinar cantando. Sugestões para ensaios

Por Antonio José Ferreira

A fase da escuta é crucial no ensino/aprendizagem de um cântico ou canção. O modo de ensinar um cântico é fundamental para criar ambiente e suscitar a adesão das crianças, de forma segura e viva. As crianças fixam bem pois a memória é nelas uma faculdade em desenvolvimento. O animador ou catequista ensaia, na semana seguinte, retoma o cântico e ele fica consolidado.

O ritmo livre e muito irregular, como os salmos, dificilmente resulta com grupos grandes de crianças. Mas não é impossível uma criança cantar o salmo e o grupo ou a assembleia responder com o refrão. Além disso, para que a mensagem se entranhe na vida, é necessário que as crianças gostem do cântico e sintam prazer em cantá-lo.

O catequista deve estar atendo e dar indicações básicos aos educandos: não gritar, articular as palavras, respirar bem.

Quanto ao suporte escrito dos cânticos para as crianças, há sempre riscos, tanto nas fotocópias como nos livros e pastas, uma vez que as crianças facilmente se podem distrair a folheá-los.

O animador deve conhecer com perfeição o cântico ou a canção, sem desafinações, hesitações ou enganos. É muito difícil corrigir uma má entoação ou um ritmo distorcido.

O ensaio de canto, poderá fazer-se de vários modos:

Cantar o cântico todo seguido, primeiro, e depois por partes;
Frase por frase;
Aprender o texto e a música, separada ou conjuntamente;
Decompor a música em ritmo;
Ensinar de cor, ou com folhas;
Começar pelo princípio, pelo refrão, ou por frases que se repetem;
Utilizar um instrumento que dê a melodia apenas ou que acompanhe com acordes;
Utilizar uma gravação para a aprendizagem;
Cantar com a gravação exige do catequista que esteja muito seguro e atento para se manter no ritmo e andamento exactos:
Fazer saborear o texto antes de ensaiar o canto, valorizando a reflexão e interiorização da mensagem.

Tomemos o cântico de entrada "Vamos entrando na casa de Deus. Vamos fazer a festa com Jesus!". Qual é a casa de Deus? Que festa vamos fazer?

Peguemos no cântico "A semente é a tua palavra, Senhor". O que é uma semente? Se a Palavra de Deus é semente, onde há-de ser semeada? O que é preciso para que ela germine e cresça?

O catequista deve interrogar-se previamente sobre quais as imagens mais interessantes e sobre o que merece ser explicado. Um cântico torna-se, assim, uma catequese.

Pode escolher-se uma nota de partida que permita às crianças cantar naturalmente. Além disso, não se deve cantar demasiado lento. As crianças têm um ritmo cardíaco mais rápido que os adultos, e a caixa torácica é menor. O andamento deve permitir às crianças cantar uma frase sem esforço. O animador do canto deve dar espaço às crianças, deixando-as cantar sozinhas, sem abafar a voz das crianças com uma voz eventualmente menos bela e até mais desafinada.

Há cânticos com certos intervalos semelhantes ou iguais. Em caso de necessidade, pode-se aproximar certos intervalos vizinhos, para ressaltar a diferença. Deve executar-se com precisão a duração de cada nota, exemplificando até o ritmo com o batimento da mão numa superfície ou com palmas.

Cantar a vozes é difícil, mas o cânone pode perfeitamente ser uma primeira experiência da polifonia. Pode jogar-se com a alternância crianças - adultos, pequeno coro - grande coro, solista - coro, repeitando o cântico que se está a entoar. Um toque de ferrinhos no fim de uma frase, um ritmo regular de tambor, o abanar certo de uma maraca podem enriquecer o canto e a participação das crianças e jovens.

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