Eis que o Advento vem aí!
Eurivaldo Silva Ferreira

Tempo do Advento: parte integrante do Ciclo do Natal, como tempo de preparação (espera pelo Senhor que vem). O Ciclo do Natal é identicamente ao Ciclo da Páscoa, comporto por um tempo de preparação, a festa principal, uma festa na oitava, e um tempo “esticado” para se fazer memória de outros aspectos da mesma festa.
Possui duas dimensões celebrativas: celebramos o mistério do Senhor que veio e que virá. Nos dois primeiros domingos: O Senhor virá; nos dois domingos seguintes: O Senhor veio. O sinal sacramental da espera, próprio do tempo, faz alusão à segunda vinda de Jesus.
Advento tem a ver com o mundo e com a Igreja: a proposta da Igreja que anseia pela vinda do Senhor tem ressonância no mundo. Ela anseia pela vinda do Senhor, mas enquanto sua vinda não se faz plenamente, celebra, louva e distribui os sacramentos, na esperança de sua plena concretização. É como se vivêssemos as propostas do Reino (já), mas não ainda em sua plenitude (ainda não). Por isso, este tempo em preparação ao Natal do Senhor, suscita o desejo de que o Senhor venha.
Viver o Advento é: viver a espera da feliz expectativa da realização do Reino de Deus entre nós, espera que é revestida de uma esperança escatológica (escathom, do grego = fim último), em meio a tribulações e sofrimentos [sobretudo entre os mais pobres, os desejosos de esperança de dias melhores], mas que se torna sinal de esperança, sinal de que a salvação de Deus prometida desde a Primeira Aliança (Antigo Testamento) está inserida na história humana e é continuamente refeita pela ação de Deus que salva seu povo das garras do opressor. Por isso Advento é Páscoa!
Nossas atitudes no Tempo do Advento: termos a cabeça erguida, estarmos despertos e acordados a fim de que percebamos no decorrer da história os sinais de libertação, sobretudo nos acontecimentos históricos. Essas imagens são-nos relembradas nas leituras e na oração da Igreja durante as celebrações deste tempo. Sob o prisma da ação ritual, essas imagens simbólicas são traduzidas para nosso ‘hoje’, por isso duas atitudes fundamentais se destacam: vigilância e da oração, consequências da santidade (frutos próprios do tempo). Essas atitudes preparam o coração para a grande vinda, a escatológica (última vinda), e nos conforta sua presença misteriosa através da ação litúrgica (memória da primeira vinda), e através dos pequenos gestos realizados em prol do/a outro/a (vinda intermediária de Cristo), mas que com o auxílio de Deus, isso é possível.
Advento do mundo: Celebrar o mistério do Senhor que vem e que veio no Tempo do Advento é manifestar no rito e na vida um momento novo para a humanidade nova, para o mundo novo. Se o Ciclo da Páscoa é marcado pelo sacramento da alegria, o Tempo do Advento é um tempo em que celebramos sacramentalmente a espera. É o cosmos quem deseja ser transformado em novo ser pascal, iluminado pelo Senhor que vem, pois eis que "o mundo geme como que em dores de parto", aguardando a transformação definitiva.
Advento da Igreja: de fato, a Igreja vive o tempo todo um eterno Advento, na medida em que na liturgia eucarística aclamamos: “Vinde, Senhor Jesus” e na oração do Senhor: “Venha a nós o vosso Reino”. Também nos Prefácios deste tempo: "saborear os bens que hoje, vigilantes, esperamos" [Prefácio I]; "Cristo virá, mas não sabemos quando, o certo é que ele vem na pessoa do mais necessitado, e assim nós possamos reconhecê-lo" [Prefácio IA]; "possibilidade de reler com os profetas como o predito, com Maria como o esperado, e com João Batista o anunciado e mostrado, pela chave da celebração litúrgica, o mistério do Senhor que vem" [Prefácio II]. É o Advento da oração da assembleia que suplica incessantemente, num grito suplicante: Vem, Senhor Jesus [Maranathá!]
Acolher o Senhor que vem: é crer na salvação do cosmos e da pessoa humana. Somos os responsáveis por acolher a salvação, primeiro ‘abrindo o coração’, ‘aplainando os caminhos’, ‘abaixando as montanhas’. As leituras e a oração da Igreja deste tempo mostram isso: a alegria do povo que se volta, que espera, que permanece fiel, na expectativa da vinda do Messias.
O projeto de Deus nos personagens bíblicos: Maria, a imagem da Igreja, é a portadora da Arca da Aliança, que traz em seu ventre o sinal da salvação, por isso se entrega totalmente ao projeto de salvação de Deus. Os personagens deste tempo nos ajudam a compreender como é que Deus age em prol da humanidade a fim de salvá-la, guardando-a do mal, mostrando a todos o verdadeiro Sol do Oriente, que ilumina todos os povos que andam por entre as trevas, conforme canta Zacarias.
Perguntamos então: Qual é o
desafio que encontramos dentro de uma sociedade que adora o Natal, mas detesta o Advento? É claro que o comércio e os shoppings centers estão fazendo o seu papel. O pior é quando a
Igreja reproduz o papel das lojas... Como diz um amigo meu: "As igrejas se enfeitam de Natal já no Advento de uma forma tão brega... Assim é melhor frequentar os shoppings, já que lá é muito mais bonito, atrativo e chic!"
Esperamos que neste Advento possamos ser como Igreja, povo de Deus, portadores da boa nova do Reino de Jesus. Que nossas celebrações levem-nos a um verdadeiro compromisso da edificação de seu Reino entre nós! A feliz expectativa do Reino seja o motivo para celebrarmos o Cristo que vem.

Tempo do Advento: parte integrante do Ciclo do Natal, como tempo de preparação (espera pelo Senhor que vem). O Ciclo do Natal é identicamente ao Ciclo da Páscoa, comporto por um tempo de preparação, a festa principal, uma festa na oitava, e um tempo “esticado” para se fazer memória de outros aspectos da mesma festa.
Possui duas dimensões celebrativas: celebramos o mistério do Senhor que veio e que virá. Nos dois primeiros domingos: O Senhor virá; nos dois domingos seguintes: O Senhor veio. O sinal sacramental da espera, próprio do tempo, faz alusão à segunda vinda de Jesus.
Advento tem a ver com o mundo e com a Igreja: a proposta da Igreja que anseia pela vinda do Senhor tem ressonância no mundo. Ela anseia pela vinda do Senhor, mas enquanto sua vinda não se faz plenamente, celebra, louva e distribui os sacramentos, na esperança de sua plena concretização. É como se vivêssemos as propostas do Reino (já), mas não ainda em sua plenitude (ainda não). Por isso, este tempo em preparação ao Natal do Senhor, suscita o desejo de que o Senhor venha.
Viver o Advento é: viver a espera da feliz expectativa da realização do Reino de Deus entre nós, espera que é revestida de uma esperança escatológica (escathom, do grego = fim último), em meio a tribulações e sofrimentos [sobretudo entre os mais pobres, os desejosos de esperança de dias melhores], mas que se torna sinal de esperança, sinal de que a salvação de Deus prometida desde a Primeira Aliança (Antigo Testamento) está inserida na história humana e é continuamente refeita pela ação de Deus que salva seu povo das garras do opressor. Por isso Advento é Páscoa!
Nossas atitudes no Tempo do Advento: termos a cabeça erguida, estarmos despertos e acordados a fim de que percebamos no decorrer da história os sinais de libertação, sobretudo nos acontecimentos históricos. Essas imagens são-nos relembradas nas leituras e na oração da Igreja durante as celebrações deste tempo. Sob o prisma da ação ritual, essas imagens simbólicas são traduzidas para nosso ‘hoje’, por isso duas atitudes fundamentais se destacam: vigilância e da oração, consequências da santidade (frutos próprios do tempo). Essas atitudes preparam o coração para a grande vinda, a escatológica (última vinda), e nos conforta sua presença misteriosa através da ação litúrgica (memória da primeira vinda), e através dos pequenos gestos realizados em prol do/a outro/a (vinda intermediária de Cristo), mas que com o auxílio de Deus, isso é possível.
Advento do mundo: Celebrar o mistério do Senhor que vem e que veio no Tempo do Advento é manifestar no rito e na vida um momento novo para a humanidade nova, para o mundo novo. Se o Ciclo da Páscoa é marcado pelo sacramento da alegria, o Tempo do Advento é um tempo em que celebramos sacramentalmente a espera. É o cosmos quem deseja ser transformado em novo ser pascal, iluminado pelo Senhor que vem, pois eis que "o mundo geme como que em dores de parto", aguardando a transformação definitiva.
Advento da Igreja: de fato, a Igreja vive o tempo todo um eterno Advento, na medida em que na liturgia eucarística aclamamos: “Vinde, Senhor Jesus” e na oração do Senhor: “Venha a nós o vosso Reino”. Também nos Prefácios deste tempo: "saborear os bens que hoje, vigilantes, esperamos" [Prefácio I]; "Cristo virá, mas não sabemos quando, o certo é que ele vem na pessoa do mais necessitado, e assim nós possamos reconhecê-lo" [Prefácio IA]; "possibilidade de reler com os profetas como o predito, com Maria como o esperado, e com João Batista o anunciado e mostrado, pela chave da celebração litúrgica, o mistério do Senhor que vem" [Prefácio II]. É o Advento da oração da assembleia que suplica incessantemente, num grito suplicante: Vem, Senhor Jesus [Maranathá!]
Acolher o Senhor que vem: é crer na salvação do cosmos e da pessoa humana. Somos os responsáveis por acolher a salvação, primeiro ‘abrindo o coração’, ‘aplainando os caminhos’, ‘abaixando as montanhas’. As leituras e a oração da Igreja deste tempo mostram isso: a alegria do povo que se volta, que espera, que permanece fiel, na expectativa da vinda do Messias.
O projeto de Deus nos personagens bíblicos: Maria, a imagem da Igreja, é a portadora da Arca da Aliança, que traz em seu ventre o sinal da salvação, por isso se entrega totalmente ao projeto de salvação de Deus. Os personagens deste tempo nos ajudam a compreender como é que Deus age em prol da humanidade a fim de salvá-la, guardando-a do mal, mostrando a todos o verdadeiro Sol do Oriente, que ilumina todos os povos que andam por entre as trevas, conforme canta Zacarias.
Mística e questões temporais do Tempo do Advento: Historicamente
o Advento vai incorporando todas as decadências, assim como sofreu a Quaresma. Ele
nasceu com o propósito de cultivarmos e retomarmos a memória da esperança de
Israel. No fundo, a Igreja retoma a longa expectativa de Israel em relação ao
messias. Até hoje isso é considerado uma mística para esse povo. Era uma alegre
espera, pois toda espera tem ânsia, sofrimento. A cor roxa nasce em função da Quaresma,
com caráter também de conversão. Com o concílio, houve toda uma reforma dos
ritos em relação ao Advento, mas tudo na perspectiva de se dar a ele o caráter
de alegre expectativa. A imagem da mulher grávida é uma imagem muito forte para
se falar desta mística. O que significa a espera de um rebento que vai nascer?
É a gravidez da própria história que é retomada no tempo do Advento. É
interessante que se tenha colocado a expectativa da segunda vinda do começo do
Advento. O final do Ano Litúrgico nos coloca nesta perspectiva. Não há uma
ruptura. Nós entramos naturalmente no novo Ano Litúrgico. Essa mística nos
coloca num patamar de que nascemos para morrer e não para viver. A morte se
torna para nós um verdadeiro natal. Se nascemos para morrer, essa vida é então
preciosa, não temos tempo para perder. Tanto na primeira parte do Advento como na
segunda, a mística é vivermos o tempo presente, o agora. Esse agora da vida é a
liturgia. O nosso agora é celebrado sacramentalmente na liturgia e vitalmente
na vida, porque a salvação está acontecendo agora, hoje. O advento traz essas
questões, talvez nós não lidemos muito com elas, por causa do medo que nós
temos delas.
Esperamos que neste Advento possamos ser como Igreja, povo de Deus, portadores da boa nova do Reino de Jesus. Que nossas celebrações levem-nos a um verdadeiro compromisso da edificação de seu Reino entre nós! A feliz expectativa do Reino seja o motivo para celebrarmos o Cristo que vem.
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