Teologia e mistagogia do espaço litúrgico

Eurivaldo Silva Ferreira

A fé cristã se expressa de muitas maneiras, numa vida de dedicação e serviço aos outros, na oração e no culto, na música, arquitetura e arte, nas Sagradas Escrituras e na tradição cristã viva. Em todas essas maneiras, como que numa linguagem, a Teologia se esforça para expressar a fé cristã.

Para falar de espaço litúrgico, antes de tudo devemos partir do conceito motivacional que a Teologia nos traz. Parte-se do ponto de vista que a Teologia é uma disciplina crítica, uma ciência, bem como uma ação da Igreja. Na Igreja encontra-se salvaguardado o dom inestimável da auto-revelação de Deus em Jesus, ao mesmo tempo ela assegura que esse dom permaneça inteligível em diferentes culturas e em novos contextos históricos. Quem se beneficia com isso é toda a comunidade cristã.

O termo Teologia tem sua origem a partir de conceitos gregos que lhe definem a natureza:
Théos = Deus
Logos = palavra, tanto externa como interna, isto é, conhecimento/ou Logia = ciência

Portanto, no centro está Deus, seu objeto principal. Qualquer reflexão teológica refere-se de alguma maneira a Deus. Tratado sobre Deus, estudo sobre Deus, discurso, um saber, uma ciência de ou sobre Deus.

Mas, não basta apenas discursar sobre Deus, é preciso perscrutar o seu mistério, por isso é necessário ser conduzido ao mistério. A mistagogia ajuda neste processo.

Mistagogia, o que é isso?
É um recurso pedagógico desenvolvido pelos Pais da Igreja por volta dos séculos III e IV. Cirilo de Jerusalém, um dos Pais da Igreja, escreveu muitas homilias mistagógicas, desenvolvendo nelas verdadeiros conteúdos mistagógicos. A mistagogia é uma teologia, é um jeito de compreender como Deus se revela. Um jeito de se colocar diante da revelação. Ela nos envia a algum lugar, à liturgia, por exemplo.

É um recurso pedagógico pelo qual vai-se conduzindo os iniciantes, passo-a-passo nos mistérios da fé e da Igreja, tendo em vista uma caminhada cristã. É um caminho de aproximação entre a pessoa e o mistério.

Mistagogia: vem do grego e significa mister = mistério / agogain = pedagogo (significando aquele que conduz).

Pedadogo é aquele que conduz na educação, mas na mistagogia o pedagogo é alguém que conduz pelo caminho do mistério. O pedagogo é alguém que ajuda a conduzir de um caminho para outro, de um lugar para outro. Na Igreja do século II encontramos a compreensão de Jesus como pedagogo, com Clemente de Alexandria, o dirigente da escola catequética daquela cidade.

A figura do pedagogo era muito comum na Grécia antiga. Tratava-se de escravos que conduziam as crianças para a escola. Eles tinham uma responsabilidade, eram apenas mediadores, mas ainda continuavam na condição de escravos. Apesar de ter vindo da Grécia, a figura do mistagogo foi assumida pelas outras religiões, na Índia, por exemplo. Quem faz mistagogia, ajudando o(a) outro(a) a entrar no mistério, é um(a) mistagogo(a).

Podemos dizer que Deus é um pedagogo, pois tem um jeito de se aproximar, de se revelar, de dar um passo com a gente. Esta palavra está sendo redescoberta na catequese, na formação litúrgica e na teologia.

Espaço Litúrgico. O que é?
Lugar do culto, da reunião da assembleia, lugar em que a comunidade reunida se encontra para celebrar o mistério pascal por meio de ações simbólicas, que dão a Deus a  atenção e o louvor.
Tendo em vista esses conceitos, podemos partir para o desenvolvimento do assunto em questão.

Os nossos espaços
Quando falamos de espaço, pensamos primariamente no espaço que ocupamos: a Terra, o continente, o país, a cidade, o lugar (roça ou urbano), a casa em que habitamos, o lugar da casa de que gostamos mais.

Também é compreendido como espaço o lugar vital em que ocupamos na nossa existência biológica: o ventre da mãe, os braços maternos, o hospital, o quarto, o berço, o cantinho dos brinquedos, a cama como o lugar da necessidade do repouso etc.

Durante toda a nossa existência vamos construindo ou conhecendo novos espaços vitais, alguns dos quais depende nossa sobrevivência: escola, mercado, ônibus, carro, quarto de dormir, cama etc.
Em nosso caminho vital nosso corpo ocupa diferentes espaços no itinerário cronológico: etapas da vida, criança, adolescência, jovem, adulto, idade madura, velhice. Incorporamos nessas fases as decisões que acabam por ocupar um significativo espaço vital: passagem da infância para a adolescência, vestibular, namoro, noivado, casamento, filhos, família, netos, bisnetos etc.

Contam-se também os espaços de conquistas sociais: compra da casa própria, o primeiro emprego, encontrar um emprego depois de muito tempo desempregado, ocupação de um terreno pelo processo de construção em mutirão, na roça a hora do plantio ou da colheita.

Muitos desses nossos espaços são também marcados pela ação da finitude natural ou acidental: a perda da casa pela enchente, os barracos na favela que foram queimados pelo fogo, o acidente de carro que matou entes queridos, o avião que caiu...

Até que finalmente, no declínio de nossa existência, acabamos nos deparando com um espaço finito, e temos a consciência de que a nossa ocupação terrena chega a um fim. Precisamos então nos preocupar com um espaço para morrer, daí há pessoas que por nós se preocupam com o caixão, o cemitério, o túmulo ou cova, e ainda a ausência do espaço deixado por quem se foi, quem ocupará esse espaço? A cruz na beira da estrada enfeitada com flores é uma bela concepção de que aquele pedaço marcado pela morte de um ente querido é um espaço sagrado. Em torno desses espaços é que gera em nós uma preocupação do nosso destino pós-morte.

A garantia que temos é a de que todos esses espaços revelam e vão construindo pouco a pouco a nossa personalidade, o nosso jeito de ser.

A casa como espaço

A casa como espaço original é o que temos de mais primitivo. Segundo o modo de ver de profissionais da arquitetura e construção, a concepção de casa que temos hoje origina-se de três vertentes: o espaço social (sala, quintal), o espaço íntimo (banheiro e quartos), e o espaço de serviço (áreas de serviço e lavanderia).
Não foi à toa que a música popular brasileira incorporou esse jeito de falarmos da casa e traduziu em poesia essa linguagem:

...Eu queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde pra plantar e pra colher. Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer (José Augusto)
...Tu não te lembras da casinha pequenina onde o nosso amor nasceu... (Silvio Caldas)

...Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada (Vinicius de Moraes e Toquinho)
... A minha casa fica lá detrás do mundo, onde eu vou em um segundo quando começo a cantar (Lupicínio Rodrigues)
...Salve esta casa, nobre morada, nova jornada vamos começar (Antônio Nóbrega)
...Eu quero uma casa no campo, do tamanho ideal, pau-a-pique, sapê, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e nada mais (Elis Regina)


A realidade é que carregamos em nosso memorial corporal a concepção da casa como um organismo ligado diretamente ao corpo, ao nosso estado de ser. É tão natural essa relação de que a casa está ligada com o nosso ser que, quando alguém visita a nossa casa, costumamos dizer: “entre, a casa é sua”, ou ainda: “sinta-se como se estivesse em sua própria casa”.

Apesar das grandes incursões sociais em nível político no campo habitacional, ainda há indivíduos que, ou por um processo de perda material ou psíquica, decidiram por viver em ruas, sem uma casa para abrigar-se.

A casa como espaço bíblico da revelação de Deus
Nos evangelhos o espaço da casa também se torna cenários de muitos acontecimentos, por isso o NT faz vínculo da casa com a pessoa. Os bens fazem parte desta visão, bem como a propriedade, a família, esposa, marido e filhos, muitas vezes até empregados e servos da casa. A casa tem uma continuidade que é herdada, se estabelece para a pessoa como uma herança que passa de pai para filho. “Você é da casa de Jacó”, dizia o AT, no sentido de clã, de tribo, de família. É a identidade, a casa a qual pertence aquela pessoa. Era necessário ir ao sacerdote e conferir essa identidade no templo. Isso passa de geração em geração, pois o sangue vem dessa linhagem, dessa tribo, dessa família.

O NT usou o termo casa que do grego: oikós. Por exemplo, a casa aparece constantemente numa maneira significativa no evangelho de Marcos. Muitos autores não abordam somente a casa, mas o vilarejo, a aldeia. Ela praticamente está presente no todo do evangelho de Marcos e ocupa um lugar exclusivo de instrução. Toda vez que percebermos uma cena em Marcos e nos deparamos com uma casa, desta cena sairá um ensinamento novo. Percebemos no Evangelho que é o lugar próprio da revelação de Deus, de uma estrutura de família nova. ‘Meu pai e minha mãe são aqueles que pensam numa nova estrutura de reino’, diz Jesus em Marcos. Essa é a nova estrutura da casa.

Na casa bíblica, o povo encontra mil maneiras de entrar em contato com essa revelação, fazem até buraco no teto para entrar, sabem do valor que tem a atuação de Jesus na casa. Jesus inaugura uma única casa porque atende a vontade de Deus.

No mundo bíblico dos primeiros cristãos, a casa era lugar da partilha do pão, depois da visita ao Templo. A casa era então tida como espaço de oração e de partilha dos bens comuns simbolizada pelo pão. Paulo e Barnabé foram aqueles que acolhiam a comunidade nas casas para a oração, a partilha do pão e a propagação do Evangelho.

Podemos encontrar outras referências de espaço de oração nos textos a seguir: - A tenda da reunião – Êxodo 33,7-11; II Samuel 7 - a construção do Templo; Neemias 8,2-4.5-6.8-10; João 2,13-22; Efésios 2,19-22 (a Igreja construída sobre Cristo); I Pedro 2,4-9 (a Igreja feita de pedras vivas); Apocalipse 21,1-5ª (imagem da nova Jerusalém); Lucas 4 – O espaço da reunião – lugar da Palavra; Apocalipse 21 (Eu vi novo céu e nova terra).

O espaço dos primeiros cristãos
Saindo das casas, devido a grande adesão de pessoas ao cristianismo, a reunião passou a acontecer nas basílicas, que eram uma espécie de lugar do comércio e também de tribunais de justiça. A basílica está diretamente ligada com a decadência da liturgia, já que literalmente era necessário preencher com grandes objetos seus espaços. A basílica é então considerada aí um divisor de águas. A liturgia teve então que se adaptar a esse espaço, pois a reunião não era mais feita em torno da mesa, na casa. Desse conceito de basílica surge a forma de assembleia que temos hoje: a forma enfileirada, como a de um ônibus.
É no período das basílicas que surge então a percepção ritual de se consagrar aquele lugar à liturgia, ao culto. Os Pais da Igreja muito contribuíram para a mistagogia deste espaço maior, desenvolvendo homilias a partir da celebração chamadas de “dedicação” para as ações sagradas. Uma delas é a homilia do bispo santo Agostinho, século V, que fala da edificação e dedicação da casa de Deus em nós a partir do seguinte aspecto: a oração é a causa e o motivo da reunião do povo de Deus na Igreja. Agostinho compara a construção de pedras com a construção de cada um que foi iniciado na fé, como que foi acontecendo um talhar, uma lapidação, contudo unidos pela caridade e pela união pacífica de seus membros (imagem da liga do cimento), que é reforçada pela linguagem do amor mútuo, o canto novo erguido de quem se sente apaixonado.

A definição de um espaço litúrgico
Para conceituarmos a definição de um espaço litúrgico, precisamos partir do mesmo modo que assim partiram os Pais da Igreja. É necessário lançarmos mão de um conjunto catequético-litúrgico para isso. É aí que entra a mistagogia, ao mesmo tempo apreendermos conceitos teológicos.
 
A liturgia é entendida como ação de Deus e ação do povo por meio de sinais simbólicos. Nela se concentra uma comunicação com o divino que se dá por meio de símbolos, palavras e outros mecanismos. O espaço litúrgico deve conjugar essa realidade comunicativa. Logo, o espaço é sagrado porque nele há um vínculo com o divino, com o sagrado. Portanto, tudo que se coloca dentro de um espaço litúrgico torna-se objeto de comunicação com o sagrado, pela linguagem simbólica que este objeto carrega.

Já que tudo na Igreja é funcional e simbólico, assim como na casa, o que precisamos é definir a forma e conteúdo das ações que ocuparão este espaço.
Contribuem para isso a atuação de vários profissionais, que podemos chamar de atores da construção do espaço litúrgico, como: o próprio padre, a comunidade, engenheiros, arquitetos, pedreiros, liturgistas e artistas.

Logicamente outros fatores também contribuirão com seus limites, carências e avanços para a devida construção ou reforma do espaço litúrgico, como: a pastoral, a cultura, o jeito da comunidade, o terreno, a legislação local, a situação geográfica, climática e atuação artística.

Os ícones do espaço

O Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB (GLP) diz que o primeiro espaço por excelência a ser cuidado são as pessoas. É o batismo quem nos tornou um só corpo em Cristo, e pela união de todos os membros, nos congregamos neste único corpo. No espaço litúrgico também deve constar esta percepção, isto é, deve haver uma unidade tanto de natureza ministerial quanto de natureza espacial e física.
Claudio Pastro fala de um ‘programa iconográfico’, que existe para orientar, educar, conduzir e introduzir o fiel no mistério do Deus trino, na comunhão dos santos. Para Pastro, todas as paredes, pinturas, pisos, imagens, até um simples trinco e prego são, nesse espaço, a extensão do que aí se celebra e, portanto, são mistagógicos, isto é, condutores.
Resumimos de forma prática o que diz o GLP sobre os ícones do espaço:

1. O lugar da entrada: tem a função de acolher, recepcionar, preparar, predispor, informar, fazer a transição entre o mundo externo e espaço interno do templo.

2. O lugar da assembleia: é a representação do corpo eclesial, é a imagem símbolo do povo de Deus, que por sua natureza sacerdotal reúne-se para a oração, o canto e o louvor. A distribuição deve ser de maneira radial (ao redor de)
3. O lugar da presidência: é o lugar do próprio Cristo que, como cabeça, preside o seu corpo. A cadeira manifesta a dignidade de quem preside a assembleia, isto é, em nome de Cristo o faz.
4. O lugar da Palavra: é a mesa da Palavra. Para ela se voltam os fieis quando dela se proclamam as leituras. O ambão faz referência ao sepulcro vazio, ao lugar da ressurreição e do anúncio do cristo vivo. Ao lado dele o círio pascal no tempo pascal.
5. O lugar do sacrifício e da ceia: sendo o símbolo por excelência do mistério pascal de Cristo é no altar que se torna presente o sacrifício de Jesus sob os sinais sacramentais do pão e do vinho; é também a mesa da ceia do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia; é também símbolo do próprio Cristo.
6. O lugar do batismo: a fonte batismal deve ser conjugada com os outros espaços. Nunca no presbitério, mas de preferência próxima a entrada. É contemplado também próximo à fonte um lugar para se guardar os santos óleos.
7. O lugar da reconciliação: este lugar de ser previsto dentro do conjunto da igreja como os demais espaços, de forma visível aos fieis. Deve manifestar a sua íntima ligação com a comunidade eclesial que aí se reúne.
8. O lugar de guardar o Corpo do Senhor (reserva eucarística): lugar que favorece a oração pessoal pela lembrança que o traz: a memória da ceia. Nele devem ser guardadas apenas a reserva eucarística necessária à comunhão dos doentes e à adoração dos fiéis, pois o pão distribuído na missa deve, de preferência, ser consagrado na própria celebração eucarística.
9. O lugar das imagens: as imagens, pinturas e vitrais não são meros enfeites para o espaço. Elas possuem uma função mistagógica. Ajudam-nos a compreender o mistério que celebramos e nele penetrar.
10. Decoração: esta deve manifestar o caráter festivo da celebração. As flores, as velas e as luzes devem colaborar para que as celebrações sejam de fato memória da Páscoa de Jesus. As flores não são mais importantes que o altar, o ambão e outros lugares simbólicos. Deve prevalecer a sobriedade da decoração, ela favorece a concentração no mistério.
11. As vestes litúrgicas: manifesta exteriormente a diversidade dos membros da Igreja. Nesta diversidade se destaca a natureza do sinal da função de cada ministro atuante.
12. Os vasos sagrados: são os recipientes em que se colocam o pão e o vinho para serem consagrados. Devem ser feitos de material que não quebre nem se alterem facilmente.
13. Sacristia: faz parte do templo, como que sendo uma extensão dele (“pequeno sagrado”). Nela se guarda e se concentra tudo o que é necessário para as celebrações e nela os ministros se paramentam e se preparam para a celebração.

Conclusão
Não é fácil versar sobre esta disciplina. Fazendo uma pesquisa ampla sobre o assunto, nos deparamos com diversas opiniões, mas que muitas vezes são concisas e coerentes no que diz respeito ao espaço para a celebração, reverenciando o sagrado ali presente. Assim, tudo que entra para o espaço litúrgico, tem sua finalidade o divino. Elencamos algumas dessas opiniões e citamos autor e fonte, a fim de que o leitor mais curioso possa aprofundar seus conhecimentos e, de certa forma, contribuir para a discussão da construção ou da reforma do espaço celebrativo em sua comunidade.
1. Pe. Danilo, presbítero de Belo Horizonte, em seu artigo sobre o uso do ‘data-show’ nas liturgias, chama a atenção para a depauperação da liturgia, com a introdução de aparatos técnicos e artificiais que não ajudam na assimilação simbólica do mistério celebrado. Para ele, é necessário recuperar a noção de espaço celebrativo como espaço simbólico e ritual, como lugar da contemplação, da beleza, do sentir-se Igreja como filho de Deus em sua dignidade batismal e sacerdotal. A funcionalidade do espaço tem em vista a ação litúrgica. Espaço belo, bem planejado, orientado para o mistério de Cristo e da Igreja não significa necessariamente espaço caro e inacessível às comunidades carentes. Também chama a atenção para a questão da luminosidade do espaço conjugada com o contexto celebrativo. E orienta as comunidades a valorizarem e integrar o aspecto ecológico nas celebrações, levando em conta uma causa de preocupação social e de todos, o meio ambiente. Além de alertar para que se recuperem as duas conquistas litúrgicas do concílio – participação e sacramentalidade de toda a liturgia – e zelar por elas. Ambas são essenciais para as celebrações e para a vida da Igreja (Pe. Danilo César dos Santos Lima, Revista Vida Pastoral nº 285, 2012, Paulus).
2. Pe. Gregório Lutz, liturgista de São Paulo, diz que por mais que essas muitas possibilidades de construção de um espaço litúrgico sejam as mais coerentes com a teologia e com a mistagogia possíveis, nunca se chegará a um espaço litúrgico ideal, já que o nosso espaço aqui na terra é transitório, isto é, o espaço plenamente satisfatório, perfeito sob todos os pontos de vista, não existe e nunca existirá. Mas temos e podemos ter sempre igrejas que ajudam eficazmente aqueles que nelas celebram e rezam, a mergulhar cada vez mais profundamente no mistério de Cristo (Pe. Gregório Lutz, Revista de Liturgia nº 196, 2006, Apostolado Litúrgico).
3. Penha Carpanedo, liturgista de São Paulo, faz uma avaliação e uma síntese do que foi a 21ª Semana de Liturgia realizada em SP com o tema “Mistagogia do espaço litúrgico”. Em seu artigo ressalta a importância do espaço litúrgico como um elemento de dimensão mistagógica, pois, ao entrar em determinado recinto ‘sagrado’, mesmo fora da celebração, a pessoa é impelida a reverenciar o mistério. Mas esse espaço cumpre ainda mais a sua função de conduzir ao mistério, quando acolhe uma comunidade de fiéis, a Igreja, Corpo de Cristo, daí, nas ações litúrgicas, viver o memorial da páscoa de Cristo, experimentado na própria vida e na realidade em que vive. Para Penha Carpanedo, o fato de um lado estarem profissionais do espaço e de outro liturgistas – que ocorreu nesta “Semana de Liturgia” – contribuiu e muito na busca comum de critérios e procedimentos na construção de um espaço litúrgico, ocasião em que ambos crescem como Igreja e como irmãos de fé e missão (Penha Carpanedo, Revista de Liturgia nº 205, 2008, Apostolado Litúrgico)
Para nós, agente das diversas pastorais, cabe-nos a difícil tarefa de ser propagadores da mensagem do Concílio Vaticano II, que quis restaurar a Igreja, tanto interna, em sua liturgia e conceitos, quanto externa, esta eficazmente simbolizada pela construção de pedra e a união das pedras vivas, que é o povo de Deus. Tudo isso à luz das fontes primitivas e patrísticas.
Que tenhamos o cuidado de não mais olhar a construção do espaço litúrgico apenas como um aparato de beleza que encham os olhos, mas que nos sintamos tocados pelo conteúdo que eles nos transmitem e assim possam alimentar e fortalecer a nossa fé.

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