Celebrar a Festa de Todos os Santos e Santas
Eurivaldo S. Ferreira
No
Senhor alegremo-nos todos,
Celebrando
dos Santos a festa.
Anjos
cantam conosco, exultando
Quem
a glória de Deus manifesta!
(cf.
Antífona do dia da Festa de Todos os Santos)
A Festa de Todos os Santos e
Santas é sempre celebrada no dia 1º de novembro. Na liturgia da Igreja, esta
festa é transferida para o domingo que sucede o dia de Finados. Os santos e as
santas são contemplados da Igreja na categoria daqueles que sofreram e foram
glorificados com Cristo. Por isso, diz a Sacrosanctum Concilium, que “ao
celebrar a passagem dos santos deste mundo ao céu, a Igreja proclama o mistério
pascal de Cristo cumprido neles”.
A exemplo dos santos e santas a Igreja
busca viver a santidade, pois estes tiveram suas vidas devotadas pelo mistério
pascal. A liturgia que celebramos em comunidade tem essa finalidade. Eles são
nosso paradigma de fé e exemplos na nossa caminhada terrena. Na Exortação
Apostólica Cristifidelis Laici, João Paulo II diz que “os santos e as santas
sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da
história da Igreja”. Como Igreja caminhamos nesta intenção, até o dia em que,
diante de Deus, formos santos como os seus santos, diz a Oração Eucarística
VII. E o nº 828 do Catecismo da Igreja Católica diz que “a santidade da Igreja
é o manancial secreto e a medida infalível de sua tarefa apostólica e de seu
ímpeto missionário”.
Os exemplos dos santos são bem
significativamente lembrados na liturgia. Durante a prece eucarística, a oração
da Igreja faz referência a eles lembrando os próprios sinais com que foram
marcados e escolhidos. O Prefácio dos Santos I diz que “Deus é glorificado na
assembleia dos santos, por isso os santos são coroados por seus méritos, eles,
por sua vez exaltam os dons celestes”. O testemunho admirável dos santos e das santas
revigora constantemente a Igreja, provando o amor de Deus para conosco. Deles
recebemos o exemplo, que nos estimula na caridade, e a intercessão fraterna,
que nos ajuda a trabalhar pela realização do Reino de Deus, assim diz o
Prefácio II.
Maria, a santa por excelência e
testemunha qualificada do mistério pascal de Cristo, tem sua santidade exaltada
no conjunto dos santos, e esta nos serve de inspiração. Conforme o Prefácio da
Assunção de Nossa Senhora, Maria é lembrada como companheira dos outros santos,
na imagem da aurora e esplendor da Igreja triunfante, consolo e esperança para
o povo ainda em caminho. Todas as Orações Eucarísticas têm em sua estrutura as
intercessões, que contemplam a Igreja hierárquica, a Virgem Maria e os santos. O
Prefácio de Todos os Santos que “a Jerusalém do alto, a cidade para onde
caminhamos, reúne todos os santos e santas em seu seio, no eterno louvor a Deus”.
Os santos participam como testemunhas do mistério de Cristo. Assim também nós,
ao sermos batizados, somos incorporados ao mistério pascal de Cristo. Diz
Alfonso Mora que pelo batismo procuramos ter como meta uma vida regrada pelas
virtudes oriundas deste mesmo mistério, assim viveram os santos e santas.
Como os santos e as santas, esperamos
também nós participarmos da vida eterna, ocasião em que pertenceremos ao número
dos eleitos. Olhando para seus exemplos e méritos, sentimos já aqui na terra, o
gosto pela vida eterna. As testemunhas que nos precederam no Reino (cf. Hb
12,1), especialmente os que a Igreja reconhece como “santos”, participam da
tradição viva da oração, pelo testemunho de suas vidas, pela transmissão de
seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam Deus, louvam-no e não deixam de
cuidar daqueles que permanecem na terra. Ao entrar “na alegria de seu Senhor,
foram constituídos sobre o muito” (cf. Mt 25,21). Sua intercessão é seu mais
nobre serviço ao plano de Deus. O Catecismo da Igreja Católica diz que “podemos
e devemos rogar-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro”.
Nossa tarefa, então, a exemplo dos santos e das santas,
é abrir-nos, a nós mesmos e o mundo, ao ingresso de Deus, da verdade, do amor e
do bem. O Nº 35 da Exortação Apostólica Spe Salvi diz que “eles como
‘colaboradores de Deus’ contribuíram para a salvação do mundo” (cf. 1Cor 3,9; 1Tes 3,2). E ainda continua afirmando que “os santos puderam
percorrer o grande caminho do ser-homem no modo como Cristo o percorreu antes
de nós, porque estavam repletos da grande esperança”.
Por ocasião da Festa dos Santos
e das Santas, celebrando a Eucaristia, vivemos sempre uma tensão: a de que essa
reunião festiva expresse e consolide ao máximo nossa comunhão com a Igreja do
céu. A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra;
é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa
história e vem iluminar o nosso caminho, diz João Paulo II na encíclica Ecclesia
de Eucharistia.
Portanto, viver a santidade na
comunidade de fé e no mundo, requer de nossa parte uma perseverança, que nos
obriga a preservar, defender e comunicar a verdade, sem olhar sacrifícios.
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