Setembro: mês da Bíblia - um estudo do livro do Êxodo

Eurivaldo Silva Ferreira
O livro do Êxodo narra os eventos de libertação
do povo hebreu
Todo ano, durante o mês de setembro, a Igreja no Brasil dedica um estudo acerca de algum livro da Bíblia. Por isso temos o costume de chamar o mês de setembro de mês da Bíblia. Neste ano o livro a ser estudado será o Êxodo, mais precisamente o seguinte trecho: Êxodo 15,22 – 18, 27.
Êxodo significa saída, passagem. Trata-se de um projeto em que Deus age como libertador, revelando-se aí como um Deus da esperança para um povo oprimido e já sem perspectivas de libertação.
O ato do êxodo é o ato fundante por excelência da história do povo de Israel. Este povo se liberta das garras do faraó do Egito e atravessa o Mar Vermelho, rumo a uma terra prometida por Deus. Essa passagem marca a tradição. Dessa tradição bebem o judaísmo e o cristianismo, religiões que têm como ponto fundante este evento. Esta passagem é lida na 3ª leitura da Vigília Pascal. Entram na terra prometida e durante um bom tempo tentam conquistar esta terra, se estabelecem nesta terra. O povo de Israel deixa de ser nômade e passa a ser sedentário.
Os hebreus vêm do Egito segundo a narrativa do Êxodo, esta é a situação social e física que existia em Israel. Em Josué o evento êxodo acaba. Segundo esse livro são milhares de hebreus que saem do Egito com uma identidade muito clara, buscando uma libertação muito específica e sabendo que vai buscar a libertação em algum lugar. No entanto, tratava-se de um punhado de gente meio que sem expressão, mas que no deserto, decide reconhecer o Deus da esperança, encorajando-se, e tomando a decisão de não mais retornar às mãos do faraó do Egito.
O Êxodo nos apresenta uma prática que corresponde ao projeto de Deus. Todos os profetas se inspiram nos relatos do livro do Êxodo para alertar ao povo que não se esqueça do projeto de libertação do Deus de Israel. O profeta Oseias nos lembra isso em seus escritos, pois Israel se esquece da libertação concedida pelo Deus da Aliança. Por isso, não se trata de uma história que ficou no passado, mas que deve ser lembrada de geração a geração. É Isaías que, a partir do capítulo 40 de seu livro, nos vai recordar a consolação do Deus de Israel. Este profeta usa um recurso metafórico para dizer à Jerusalém que o período da escravidão já passou, e que se trata agora de viver um novo tempo, isto é, com o fim do exílio vive-se um novo êxodo.
Na história do Êxodo Deus se revela a seu povo. Como para a religião do antigo Israel, o evento êxodo é um fato fundante, o mesmo vale dizer para Jesus. Jesus é comparado a Moisés cerca de 80 vezes no Novo Testamento. Jesus é por excelência o novo Moisés, é por ele que conhecemos a Deus. No mais, o Novo Testamento costuma chamar o Pentateuco, o conjunto de 5 livros no qual está inserido o do Êxodo, de “A Lei”, e desta lei não iria desaparecer uma única vírgula, disse Jesus. Atribui-se assim muita importância ao dado dessa religião. Certamente a Lei não se trata de algo marginal da religião do antigo Israel, mas daquilo que é mais central.
Os três capítulos básicos propostos como estudos nesse mês de setembro são narrativas distribuídas em dois blocos: 1º bloco: a) As águas amargas em Mara (Ex 15,22-27); 2) b) A história do maná no deserto (Ex 16,1-35); c) Narrativa sobre a água que brota da rocha em Rafidin, lugar chamado depois de Massa e Meriba (Ex 17,1-7). Trata-se de uma sequencia de três narrativas em que os temas principais são: água, pão e água. E no 2º bloco os temas: a) Os israelitas sendo atacados pelos amalecitas (Ex 17,1-15); b) O reencontro de Moisés com seus familiares (Ex 18,1-12); c) A história dos juízes (Ex 18,13-27).
Olhando para a nossa história, devemos nos perguntar se ainda há alguém que precisa ser libertado, se há pessoas que ainda estão sob o jugo da escravidão e da dominação. A libertação das amarras da opressão que caem sobre o povo deve ser refletida à luz dos textos bíblicos. Devemos ler o livro do Êxodo tendo um olho nas narrativas escritas e outro olho na nossa vida, para, de fato, pessoalmente e em comunidade, nos encontrarmos com o Deus libertador.

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