CNBB em Brasília


Teólogos e teólogas, Povo de Deus, Ministros e Ministras da Presidência, da Catequese, do Canto e da Música,

D. Demétrio questiona a "burocracia estatal" e sugere que a CNBB deveria ser o exemplo para o Congresso Nacional (Senado, Câmara dos Deputados, Executivo, Legislativo, Judiciário e afins), perguntado se "não estaria aí uma boa sugestão para o Congresso Nacional? Por que não faz como a CNBB? Bastariam alguns períodos intensos de trabalho por ano em Brasília, onde seriam tomadas as decisões já amadurecidas junto ao povo nas bases. A continuidade dos trabalhos poderia ser garantida, como na CNBB, por uma Comissão Central que mantém expediente contínuo em Brasília, e se reúne mensalmente para municiar a continuidade dos trabalhos nas bases. Ainda mais com os recursos que hoje a informática nos oferece, os deputados e senadores poderiam se manter cotidianamente informados, com a vantagem de continuarem próximos à realidade do povo, o que sempre é salutar para quem precisa lidar com as esferas da burocracia". Não estaria nesta indagação um bom exemplo de profetismo para os nossos dias?
Boa reflexão.
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Desta vez a assembléia anual da CNBB se realiza em Brasília. O costume era outro. Durante trinta anos, o mosteiro de Itaici acolheu as assembléias. A tal ponto que o bairro de Indaiatuba, que leva este nome, acabou ficando mais conhecido do que a própria cidade, cujo prefeito cada ano comparecia na abertura da assembléia, e pedia aos bispos que, por favor, se lembrassem que Itaici é um bairro de Indaiatuba, no Estado de S. Paulo.


Desta vez a realização da assembléia em Brasília é uma clara deferência da CNBB para honrar a nova capital do país, que acaba de completar 50 anos de sua inauguração. No mesmo sentido, o 16º. Congresso Eucarístico Nacional, cuja data se emenda à da assembléia, reforça a homenagem que a Igreja quer prestar a Brasília.

Na verdade, a intenção é mais ampla. Realizando neste ano na capital do país sua assembléia, e aí celebrando o Congresso Eucarístico, a Igreja quer ressaltar os muitos motivos que ela tem para sentir-se vinculada à história do país, com o qual se identifica de tantas maneiras.

Como de costume, a pauta da assembléia é sempre muito carregada. Os assuntos vão sendo recolhidos ao longo do ano. E precisam receber o tratamento de acordo com sua importância. Por isto, engana-se quem pensa que a assembléia vai se limitar ao cardápio proporcionado pelos assuntos na ordem do dia da imprensa. Se necessário, estes também podem receber o tratamento adequado, sobretudo na análise de conjunta que a assembléia sempre faz. Mas não é a imprensa que pauta a assembléia. Ela não vai sacrificar suas prioridades para tratar, por exemplo, do assunto da pedofilia.

Basta conferir seu tema central, e os temas que a assembléia caracteriza como prioritários, para dar-nos conta da intensidade dos trabalhos.

O tema central tem uma formulação que talvez dificulte a percepção de sua abrangência por parte de quem não está acostumado aos últimos acontecimentos e às recentes orientações pastorais da Igreja: “Discípulos e servidores da Palavra de Deus e a Missão da Igreja no mundo”.

Acontece que recentemente a Igreja fez um sínodo sobre a Palavra de Deus. A CNBB se mostra pronta a inserir as reflexões do Sínodo no cotidiano de sua vida. A referência aos “discípulos” e à “missão” , é para dizer que a CNBB continua mantendo as duas dimensões fundamentais que a Conferência de Aparecia expressou em forma de “discípulos e missionários de Jesus Cristo”. Esta a intenção do tema central.

Como temas “prioritários”: as Comunidades Eclesiais de Base, os cem anos do movimento ecumênico, a avaliação das Diretrizes Pastorais, a questão agrária neste início de século 21.

Não podem faltar os diversos temas “estatutários”, como o relatório da Presidência e das diversas Comissões Episcopais, através das quais se estrutura o trabalho da CNBB. Será proposta uma declaração sobre a situação política que o país vive neste ano.

Portanto, um punhado de assuntos que exigem trabalho, que é realizado com sessões pela manhã, pela tarde e sempre que necessário à noite também.

Com isto, a CNBB acaba fazendo, sem o dizer explicitamente, um sério questionamento à burocracia estatal, especialmente ao Congresso Nacional. A CNBB se reúne dez dias por ano, e trata de tomar as decisões que se fazem necessárias. Depois, cada bispo retorna para suas dioceses e leva adiante sua missão, afinado com as orientações da assembléia. Não estaria aí uma boa sugestão para o Congresso Nacional? Por que não faz como a CNBB? Bastariam alguns períodos intensos de trabalho por ano em Brasília, onde seriam tomadas as decisões já amadurecidas junto ao povo nas bases. A continuidade dos trabalhos poderia ser garantida, como na CNBB, por uma Comissão Central que mantém expediente contínuo em Brasília, e se reúne mensalmente para municiar a continuidade dos trabalhos nas bases. Ainda mais com os recursos que hoje a informática nos oferece, os deputados e senadores poderiam se manter cotidianamente informados, com a vantagem de continuarem próximos à realidade do povo, o que sempre é salutar para quem precisa lidar com as esferas da burocracia.

Mesmo que não o diga explicitamente, a CNBB reunida em Brasília está clamando por uma radical e profunda reforma nas estruturas políticas, a começar por mudanças substanciais na organização do Congresso Nacional. Para que ele deixe de desperdiçar tantos recursos a serviço de sua inoperância escandalosa.

Dom Luiz Demétrio Valentini

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