Ano litúrgico - itinerário de fé (por Penha Carpanedo)

"A ano litúrgico tem como objetivo levar os fiéis a participarem do mistério de Cristo"
Penha Carpanedo diz sobre a memória ritual que o ano litúrgico traz em si; os tempos e as festas que voltam a cada ano não são uma representação das mesmas coisas, mas se trata da representação sacramental da memória de Cristo e de sua Igreja.
A liturgia é a primeira e a mais necessária fonte de espiritualidade (cf. SC 14). Esta afirmação é fruto de 60 anos de movimento litúrgico, em busca de unir liturgia e teologia (catequese), liturgia e espiritualidade (devoção).
A grande novidade do Concílio foi re-colocar no centro da vida cristã e da liturgia o mistério pascal. Cada celebração (Eucaristia, sacramentos, Ofício Divino, celebração da Palavra...), é memorial do mistério pascal de Cristo, ao longo do ano litúrgico, com seu ritmo anual, semanal e diário.
O ano litúrgico tem como objetivo levar os fiéis a participarem de todo o mistério de Cristo, desenvolvido no decurso de um ano. Com esta recordação a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes no tempo, para que os fiéis, em contato com eles, se tornem repletos da graça da salvação (cf. SC 102).
O caminho de fé-conversão implica em etapas sucessivas em um movimento progressivo. O ano litúrgico corresponde a esta pedagogia. Os tempos e as festas que voltam a cada ano, com as mesmas leituras, os mesmos cantos e orações, não é um monótono repetir-se das coisas, mas uma representação sacramental do mistério de Cristo e da sua Igreja. Não se trata de simples reprodução dramática da vida terrena de Cristo, é memória ritual da salvação que se realizou em Jesus ‘uma vez por todas’ à qual, damos nossa renovada adesão.
É repetição de símbolos, gestos e palavras, que repercutem em nossa vida sempre com maior intensidade e nos permitem avançar no processo pascal de nossa identificação com Cristo, até atingirmos “o pleno conhecimento do Filho de Deus” (cf. Ef 4,13). Portanto, não podermos passar de um tempo a outro como se fossem roupas que vamos mudando superficialmente. Cada tempo e cada celebração é portadora de um sentido que pede toda a nossa atenção.

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