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Mostrando postagens de agosto 2, 2012

O tempo em que vivemos e celebramos

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Eurivaldo Silva Ferreira         Introdução  O tempo é uma realidade simbólico-sacramental pela qual nos permite falar do mistério que perpassa e é celebrado na liturgia. Embora nós não conseguimos tocar, mas através da realidade simbólica, nos é permitido aproximar, enxergar. Celebrar no tempo específico o mistério de Cristo é compreender a presença, em modo sacramental-ritual, do mesmo mistério no entrelaçar de nossa existência. A este o evento de salvação, pelo qual se faz memória, apreendemos no tempo todo o sentido do mistério de Cristo, seja em determinado momento do dia (ritmo diário), da semana (ritmo semanal), do ano (ritmo anual), ou num momento especial da vida. O tempo se torna então essencialmente celebração do Cristo. Desde os antigos, via-se no tempo a manifestação do divino acompanhando e se fazendo presente nas ações do povo. Nas celebrações que percorrem o itinerário do Ano Litúrgico há uma pedagogia implícita, revelada pelos textos litúrgicos e pelas ora

Ofício Divino, oração do povo de Deus

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Eurivaldo Silva Ferreira (org.) Introdução  Na esteira do tempo que marca nossa existência o relógio nos dá a consciência de que somos marcados por uma finitude, embora sempre estejamos em conflito com o relógio. Somos então marcados pelo aceleramento dos acontecimentos. Assim, nossa identidade se molda pelo resultado daquilo que aconteceu em nossas vidas, pois somos aquilo que escolhemos para viver, isto é, somos fruto de nossas escolhas. Neste ritmo acelerado, perguntamos como dar conta de uma espiritualidade que nos proporcione um desaceleramento? Como permitir que a graça de Deus nos toque enquanto vivemos e corremos contra o tempo? Entendemos que a liturgia pode corresponder a essa necessidade. Partindo-se do acontecimento salvífico que é celebrado na liturgia – o acontecimento Jesus Cristo, inserido no tempo para salvá-lo – buscamos um equilíbrio resultante da ação divina que atua em nós e de nossa ação inserida no espaço cronológico de nossa existência. É a respeito des

Participação: o novo paradigma da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II

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Eurivaldo Silva Ferreira Participação litúrgica Em virtude do nosso batismo somos chamados a participar da liturgia tendo consciência daquilo que fazemos pelos ritos, que são ações simbólicas. Essa participação é qualificada de diversas formas: ativa, plena, frutuosa, interior e exterior. Trata-se de um direito e de um dever de todo povo cristão, por isso deve ser incentivada e incrementada. Na liturgia, que é a celebração dos mistérios de nossa fé, a presença de todos manifesta mais claramente a natureza da celebração, pois somos assembleia reunida para ouvir a Palavra de Deus e partilhar do Pão eucarístico, fazendo memória daquilo que Jesus nos pediu. Na celebração dos sacramentos e sacramentais somos inseridos na vida de Cristo. Sinais sensíveis a serviço da participação  Para que esta manifestação seja translúcida a nossos olhos, lançamos mão daquilo que chamamos de sinais sensíveis. Estes alimentam, fortalecem e exprimem a fé, promovendo mais intensamente a participaç

Formação sobre a Sacrosanctum Concilium - Rede Celebra São Paulo- - SP

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Convidamos você para participar com a gente deste momento formativo, ocasião em que refletiremos sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II e a sua consequente aplicação na Liturgia, com o documento Sacrosanctum Concilium. A questão é a participação ativa e consciente, já que a Liturgia é fonte de espiritualidade e expressão da fé comunitária. Faça sua inscrição nos enviando um e-mail e reserve sua vaga o quanto antes. Maiores informações estão contidas no folder abaixo. Um abraço carinhoso. Euri Rede Celebra de animação litúrgica – São Paulo – SP

A Palavra de Deus proclamada e celebrada na Liturgia: possibilidades de relação entre Bíblia e Liturgia

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Eurivaldo Silva Ferreira Talvez já tenha falado sobre esse assunto em meu blog. Mas persisto em retomá-lo, agora de maneira mais incisiva, já que se aproxima a data em que a Sacrosanctum Concilium completará 50 anos de sua promulgação. A relação deste documento com a Palavra de Deus nos dá a possibilidade de acreditarmos cada vez mais que a Palavra norteia nossa existência. No dizer de Cássia Ellen, na música 'Palavras ao vento': ando por aí querendo te encontra... Que a Palavra de Deus possa ser o sustentáculo para nossa sobrevivência na atual estrutura eclesial que pouco se dá conta que a Palavra também é sacramento. É ela que nos muitos rincões de nosso país alimenta exclusivamente as muitas comunidades e mantém vivo seu admirável espírito cristão. Introdução A Sagrada Escritura ocupa um lugar fundamental na Liturgia. A Sacrosanctum Concilium (SC) afirma que Cristo se faz presente por sua Palavra, por isso os textos sagrados são um elemento da liturgia que não se po

A igreja das catacumbas

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Maria Clara Lucchetti Bingemer Teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio (extraído de www.adital.com) Neste ano em que se celebra o centenário de Dom Helder Camara, muitas lembranças e recordações do grande Dom, que foi um dos presentes maiores de Deus à Igreja do Brasil têm sido desentranhados e trazidos à luz novamente.  Limpos da poeira do esquecimento por nossa às vezes curta e ingrata memória, brilham como estrelas de primeira grandeza realimentando nossa vida espiritual e nossa capacidade ética. Talvez um dos mais importantes seja a re-visita do chamado Pacto das Catacumbas.  No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio Vaticano II, cerca de 40 Padres Conciliares celebraram uma Eucaristia nas catacumbas de Domitila, em Roma, pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Após essa celebração, firmaram o "Pacto das Catacumbas". O documento é um desafio aos "irmãos no Episcopado" -aos bispos p