Pastoral litúrgica e o itinerário da iniciação à vida cristã

Eurivaldo S. Ferreira

A pastoral litúrgica é, sobretudo, dotada de duas características: preocupações e atitudes. Essas características são atribuídas à figura do pastor, que conduz as ovelhas. Para nós, o arquétipo de pastor é o próprio Jesus Cristo, o Pastor dos pastores.


Por sua vez, a pastoral não é feita isolada, mas se trata de um serviço prestado à Igreja, à paróquia e à comunidade, como um todo. O caráter litúrgico é qualitativo, pois refere-se aqui ao âmbito estritamente da celebração do Mistério Pascal de Cristo, já que existem outras variedades de pastorais incluídas na Igreja.

Na liturgia duas preocupações nos cercam, tendo em vista sua real e nobre função: a natureza da liturgia e a necessidade da preocupação com a celebração da fé da comunidade, envolvendo aqui todos os sacramentos e sacramentais. Neste sentido, é a pastoral litúrgica a responsável pelo re-avivamento da fé da comunidade que participa das celebrações, seja no ritmo diário, semanal ou anual. É no transcorrer do ano litúrgico que a pastoral litúrgica ela exercerá seu papel. Seus membros agem na pastoral litúrgica não atuando como tarefeiros da liturgia, mas como agentes responsáveis no serviço da liturgia bem celebrada.

O serviço da pastoral litúrgica nada tem a ver com a atitude do levita, no relato da parábola do bom samaritano que, ao passar pelo indivíduo caído à beira do caminho, com pressa de chegar no templo e executar os ritos, não se preocupa com a vida social que o cerca. De que adianta celebrar bonito, se a vida lá fora está às margens? Diz um movimento eclesial que se faz necessário ligar fé e vida. Por isso, a pastoral litúrgica deve se preocupar em ser “pedagoga” na fé da comunidade, ligando o social ao religioso, o costumeiro com o festivo, o comum com extraordinário.

Um compositor litúrgico lembra que se a gente chega à prática ritual, sem ter passado por essa experiência existencial, sem ter passado por essa consciência da sua dimensão sacerdotal, estamos queimando etapas e pondo em risco a verdade dos Sacramentos da fé, cuja realidade substancial é Cristo vivo em nossa vida cotidiana, em nossas atitudes e posturas existenciais.

Por isso, no itinerário da iniciação à vida cristã, que é também chamado de catecumenal, se não se for vivido numa dimensão ritual onde os frutos oferecidos pelo próprio rito não sejam experimentados na vida, incorre o iniciado de não progredir na fé, já que “a iniciação cristã é a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Cristo, diz o Ritual de Iniciação à Vida Cristã (RICA, 1974).

Portanto, cabe aqui a grande responsabilidade da Pastoral Litúrgica para com os catecúmenos, a fim de que estes não pereçam naquilo que se prontificaram a assumir.

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